sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Chiclete pra guardar pra depois

ISBN: 9788568703076
Autor (a):  Andreia Evaristo
Tradução: -------
Número de páginas: 118
Ano: 2016

Editora: Areia
Pontuação: ♥ ♥

Quando vi a capa e o nome, logo imaginei que fosse um daqueles romances de adolescente. No entanto, ao ler a descrição, percebi que se tratava de um livro de crônicas - um dos tipos textuais que mais gosto de ler! É lógico que não pude deixar de ir ao lançamento, comprar e lê-lo (ou devorá-lo, como queiram entender). 

Como sempre, fui lendo e fazendo meus destaques com post-it... dessa vez o livro ficou rosa (ainda mais do que já era). E confesso que enquanto lia as primeiras páginas, masquei um ou dois chicletes que peguei durante o lançamento, afinal, o nome do livro pedia que eu fizesse isso: chiclete pra guardar pra depois :) 


Sobre o livro: "Chiclete pra guarda pra depois" é composto por uma coletânea de crônicas; todas muito bem escritas, com enredo bom de se ler. O layout, diagramação e o tamanho do livro, estão dentre os meus preferidos. Como vocês já sabem, adoro quando o livro tem espaço para anotações e para colar o post-it sem estragar a escrita. Em geral, poderia dizer que, assim como outros livros de crônicas Chiclete pra guardar pra depois é um daqueles para ler e reler, em especial por apresentar crônicas com diferentes estilos, enredos e até público (por que não?!). 

Não sei se já disse por aqui,  mas acredito o sentimento de amar ou odiar uma crônica sempre tem a ver com o momento em que vivemos, parece que é uma daqueles tipos de textos que tem que falar com a gente. Ou seja, tem "a hora certa" para ser lido.

Dentre as crônicas do livro, tiveram algumas pelas quais me encantei demais. Ri, chorei, lembrei do meu tempo de adolescente, das paixões, alegrias e tristezas... e ainda, encontrei a Ana adulta, professora, moradora de Joinville em diversos textos... Aliás, esse é um dos aspectos bons da leitura, né? E, como de costume aqui no blog, eis as frases que mais gostei!




Não é culpa minha: uma daquelas crônicas que faz qualquer um repensar a atitude tão costumeira de culpar os outros... não é que o azedo que ela sentia dentro do ônibus era do seu iogurte derramado e não do garoto, adolescente, ao seu lado?! 

"Saio de um ônibus e entro em outro. Ônibus cheio de adolescentes indo para a escola. Eles falam alto, riem alto, são um exagero. Pelo menos é isso o que eu pensei nessa manhã" p. 13 

(isso realmente me irrita. Sério que eu era assim? Não é possível, não consigo acreditar que um dia fiz algo similar...)

Espelho, espelho meu, esconde a celulite que já cresceu: 
Sobre as celulites: 
"lá estavam elas, sorrindo para mim, com a boca arreganhada e os dentes aparecendo. Quase gargalhavam as danadas." p.15 

(confesso que fiquei imaginando as celulites dando gargalhadas como o gato da Alice!kkk)  

A sua realidade
"[...] no fundo não me sinto com 26 anos de idade. Sei lá, a minha mãe, aos 26, tinha uma casa, um fusca, três filhos e um marido. Eu nem tenho ainda uma bicicleta." p.19

Jeito para essas coisas
"o caso é que há três dias não lavo a louça. Nem eu, nem meu marido. Somos dois adolescentes casados, que ficam jogados no sofá o dia todo, assistindo vídeos na tevê ou no youtube, bebendo refrigerante e comendo besteiras." p. 26

Adultescência
"Se antes vocês se viam todos os dias, passam a se ver nos finais de semana. Depois uma vez por mês. Quando você percebe, caiu na cilada de encontrar seu amigo duas vezes por ano: no seu aniversário e no dele. Trágico e real." p. 30
Chiclete pra guardar pra depois

"[...] o chiclete, esse aliviador de tensões e odores, essa borrachinha saborosa e perfumada, é o amor que entregamos aos amigos."p.38

"entregar um chiclete para pode ser uma atitude boba para um adulto. Mas para um adolescente é mais que isso, é a partilha, a amizade em pedacinho, é um pouquinho do amor. sim, pra guardar pra depois." p. 38
Papai Noel, o que eu fiz de errado? 
"Se antes eu precisava ser forçada a comer tudo, por que senão o Papai Noel não ia gostar de minha atitude, hoje ninguém precisa falar nada: eu como tudo e repito se possível" p. 43 
Um gato chamado felicidade
"eu sei, caro leitor, que você gostaria mesmo que a felicidade fosse um cachorro, mas infelizmente não é. Se fosse um cão, as coisas seriam muito mais fáceis - você estalaria os dedos, assobiaria chamando, e a felicidade viria correndo em sua direção, abanando o rabinho. Mas como eu já disse, a felicidade não é um cachorro." p,47
Chuva de setembro
"Uma menina, de seus seis, sete anos de idade, volta da escola sozinha. A chuva não é capaz de atrapalhar-lhe os planos de ser feliz com sua sobrinha de arco-íris iluminando o dia. Nos pés a galocha vermelha que percorre uma a uma todas as poças de lama que encontra pelo caminho. Quando a água respinga, ela gargalha - e o barulho da sua alegria inunda meus ouvidos." p.111 

E você, gosta de ler crônicas? Também acredita que cada uma tem o seu "tempo" para ser lida?

Um abraço, boa leitura e até a próxima parada!
Ana Laura Queiroz

Um comentário :

  1. Ana, sua linda!
    Se a ideia era deixar essa amiga blogueira, leitora e escritora com os olhos marejados, conseguiu.
    É uma experiência única ler sua resenha e ver meu próprio livro através dos seus olhos. Estou aqui com uma lagriminha agarrada à borda dos cílios.
    Muito obrigada. <3

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Ana Laura Queiroz
Formada em Letras Português/Espanhol. Autora, professora e blogueira. Lê e escreve por paixão e por profissão. Para solicitar a prudução de um artigo, entre em contato.